quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

   
Fernando Assis Pacheco faz hoje 80 anos.

SONETO CONTRA AS PESPORRÊNCIAS


É favor não pedirem a esta poesia
que faça o jeito às alegadas tendências
do tempo nem às vãs experiências
que sempre a deixaram de mão fria

o que iria bem mas mesmo bem seria
num jornal a coluna das ocorrências
as coisas da vida mais que as pesporrências
editoriais do comentador do dia

o que vai mal com ela são as petulâncias
de que se vestem muitas redundâncias
dando-se públicos ares de sabedoria

que o leitor farto das arrogâncias
magistrais troca por outras instâncias
onde pode mandá-las pra casa da tia.

Fernando Assis Pacheco, 2006: A Musa Irregular.
Lisboa: Assírio & Alvim; p.162.
[MAIS]


«[..] A poética oficinal de Assis Pacheco joga-se e desdobra-se como discreta mas inapagável memória de tradições da poesia, como trabalho e jogo que se exercem sobre usos coloquiais da língua e sobre a matéria, verbalizada ou verbalizável, que é a experiência singular e partilhável do mundo e da vida, esse complexo de afectos ou afecções, de desejos, medos e fantasmas. […].»
Manuel GUSMÃO, 2003: «Posfácio».
Em Fernando Assis PACHECO, 2003: Respiração Assistida.
Lisboa: Assírio & Alvim; pp. 73-74.

Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Fernando Assis Pacheco.

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