Fernando Assis Pacheco faz hoje 80 anos.
SONETO
CONTRA AS PESPORRÊNCIAS
É
favor não pedirem a esta poesia
que
faça o jeito às alegadas tendências
do
tempo nem às vãs experiências
que
sempre a deixaram de mão fria
o
que iria bem mas mesmo bem seria
num
jornal a coluna das ocorrências
as
coisas da vida mais que as pesporrências
editoriais
do comentador do dia
o
que vai mal com ela são as petulâncias
de
que se vestem muitas redundâncias
dando-se
públicos ares de sabedoria
que
o leitor farto das arrogâncias
magistrais
troca por outras instâncias
onde
pode mandá-las pra casa da tia.
Fernando Assis Pacheco, 2006: A Musa Irregular.
Lisboa: Assírio &
Alvim; p.162.
«[..] A poética oficinal de Assis
Pacheco joga-se e desdobra-se como discreta mas inapagável memória de tradições
da poesia, como trabalho e jogo que se exercem sobre usos coloquiais da língua
e sobre a matéria, verbalizada ou verbalizável, que é a experiência singular e
partilhável do mundo e da vida, esse complexo de afectos ou afecções, de
desejos, medos e fantasmas. […].»
Manuel GUSMÃO, 2003: «Posfácio».
Em Fernando Assis
PACHECO, 2003: Respiração Assistida.
Lisboa: Assírio & Alvim; pp. 73-74.
Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Fernando Assis Pacheco.
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