António José Forte faz hoje 86 anos.
PREFÁCIO
Ao nível do mar
como o nome da flor do vinho
murmurado entre relógios de carvão
escrito devagar na cal do silêncio
como o lençol de púrpura
no peito dos amantes
de costas para a morte
ao nível do mar
como um cardume de palavras cintilantes
no horizonte de cinza e de pavor
como um cavalo branco toda a noite
de estrela para estrela
ao nível do mar
como a flor que se abre na boca dos suicidas
um homem
ferido de morte
vai falar
António José
Forte, 1987: Caligrafia Ardente.
Lisboa: Hiena Editora; p. 7.
Para
recordar:
«A voz de António José Forte não é plural, nem directa ou sinuosamente
derivada, nem devedora. Como toda a poesia verdadeira, possui apenas a sua
tradição. A tradição romântica, no menos estrito e mais expansivo e qualificado
registo. Uma tradição próximo de nós esclarecida pelo surrealismo, abrindo para
trás e para diante: imemorial, dinâmica. Única maneira de entender-se uma
tradição essencial. Não se trata de modo ou moda, forma ou fórmula,
acidentalidade ou incidentalidade. Fala-se da inteligência fundamental do mundo.»
Herberto HELDER,
1983: «Nota Inútil». Em António José Forte, 1983: Uma Faca nos Dentes.
Lisboa: & etc; pp. 8-9.]
Obs. 1 - Respeitada a grafia das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / António José Forte.
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