José Augusto Seabra faz hoje* 80 anos.
[Dois poemas]
A lente não contorna
por dentro toda a margem
de sombra. E desmorona
o centro da miragem
se a pupila demora
a imagem sobre a imagem
da morte contra a morte.
*
Quando o corpo desenha
todo o seu outro lado
de sombra, donde vem
aquela frialdade
que a chama não sustém?
José
Augusto Seabra, 1996: Sombras de Nada.
(Prefácio - «A Luz da Sombra» - de Eduardo Lourenço). Lisboa: Quetzal; pp. 41
e 47.
Para
recordar e/ou ler e/ou ser (mais) informado:
«[…] O seu primeiro livro
intitula-se A Vida Toda (1961). A sua
poesia, onde certas marcas ligadas a uma atitude de resistência política são
visíveis, ganha uma outra amplitude nos livros seguintes pelo modo como vai ser
levado cada vez mais longe um exercício sobre as possibilidades da palavra num
espaço privilegiado que a transforma em signo […]. Daí um progressivo
esvaziamento do próprio sentido das palavras através de uma desmemória […] ou de uma espécie de jogo
que entre elas se estabelece sobretudo pela atenção prestada a uma dimensão
significante que acaba por problematizar esse esvaziamento. Paralelamente, o
recurso ao poema breve, o qual, por vezes, nos conduz a uma impressão quase
pictórica, concorre para que este efeito se produza. […]».
Fernando GUIMARÃES, 2001: «SEABRA (José Augusto)».
Em Biblos – Enciclopédia Verbo das
Literaturas de Língua Portuguesa. (Vol. 4)
S/l: Verbo; col. 1207.
* Também fazem anos, hoje, «Rosalía deCastro» e «David Mourão-Ferreira».
NB1 - As fotografias do Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / José
Augusto Seabra.
NB2 -
Foram respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.
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