terça-feira, 17 de março de 2020


Recensão de Troféus de Caça (Associação dos Jornalistas e Homens de Letras, 2019), na revista As Gazeta Literária, 2019, outono/inverno, n.º 6, pp. 59-60, pelo crítico literário Ramiro Teixeira.






quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

liberdade e poesia
pão nosso de cada dia



Nota: Este exercício poético foi inicialmente publicado no blogue Gazeta de Poesia Inédita, do Poeta José Pascoal,
            no dia 12-12-2019. Pode ser (re)lido AQUI.
            Obrigado, José, pelo convite e pela publicação. 

sábado, 30 de novembro de 2019

Recensão de o rosto (Eufeme, 2018), na revista As Artes entre as Letras, n.º 255, 27-11-2019, p. 11,
pelo crítico literário Ramiro Teixeira.
A fim de facilitar a leitura, o texto é transcrito em 3 sequências de diapositivos.
Imagens do cabeçalho (adaptado) do periódico e da página.




                                                                                                

terça-feira, 23 de julho de 2019

liberdade e poesia
pão nosso de cada dia


Este exercício poético foi inicialmente publicado no blogue Gazeta de Poesia Inédita, do Poeta José Pascoal, no dia 23-07-2019. Obrigado, José, pelo convite e pela publicação. Pode ser (re)lido AQUI.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

sábado, 10 de novembro de 2018

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Se tiver(es) pressa, não leia(s). Corra/e. Chegará(s) mais depressa ao fim.


Apontamomento


Ter um quintal em dia, hoje, não é fácil. Mesmo com dedicação exclusiva e permanente. Não há, como a algumas dezenas de anos, jornaleiro (assim lhe chamávamos) que, à jorna (dia ou meio-dia), colaborava no amanho e cultivo da terra, sementeiras e plantações, podas e colheitas. Atualmente, nem para a conservação e limpeza se encontra mão-de-obra suficiente. E parece tão mal deixá-lo de velho!
São poucos e raros, hoje, os trabalhadores rurais. E prestam os serviços à hora: chegam e levantam quando querem.
Manter um quintal, hoje em dia, não é canseira fácil. Ao meu, vou dedicando os cuidados indispensáveis, os que sei e ainda posso. Nele ou junto dele, vou passando os meus dias descomprometidos, geralmente de sol a sol. Exceto depois do almoço (a que, em criança, chamávamos jantar, reservando este nome para a ceia), exceto em dias mais quentes, dizia. Sento-me no alpendre e leio ou passo pelas brasas. Ou dou uma volta pelos caminhos sempre dantes palmilhados.
Como ontem. Só que, conforme ia caminhando, uma relativa tristeza me foi invadindo.
Os carreiros, cangostas e caminhos foram elevados à categoria de ruas, travessas e avenidas, por onde agora se caminha e circula, bem melhor que outrora, é verdade e ainda bem. Casas dispersas (raras) e junto das vias ainda as há: uma nova aqui, outra bem reconstruída além. Umas habitadas, sobretudo por gente da minha idade ou talvez mais. Outras abandonadas: temporariamente, se os donos estão migrados (sobretudo com <e>), a que se acolhem nas férias; definitivamente, se, se… não admira o estado de ruína crescente em que se encontram.
Mas ainda se ouvem sons. Os mais constantes são os do relógio da torre, cantando as horas, inteiras e meias, do irremediável passar do dia. E há os cães, presos a corrente ou soltos dentro de muros  e redes, sobressaltados com a visão da minha estranha figura. Ladram os próximos e os distantes respondem, solidários. Como os galos, mas estes ao desafio. De galinha, nem um leve cacarejar. Àquela hora, já tinham posto o ovo. Mas desconfio que elas já não chocam, nem criam ninhadas. De frangas, nem sinais.
Ouvi, contudo, um chamar de mulher por filha, seguido de conversa que o gravador dos meus tímpanos não captou. De criança, nem grito, nem choro, nem ruídos. O silêncio era, de facto, nos princípios da tarde de ontem, a voz profunda da terra que mais alto se ouvia. Até que lá apareceu, depois da curva, o trator cansado, lentamente anunciado pelo velho motor. Que é feito do carro de bois?
Encontrei, por fim, três conterrâneos, melhor, duas senhoras e um cavalheiro, todos mais novos que eu. Mutuamente nos reconhecemos. Cumprimentamo-nos, sem cerimónias nem constrangimentos. Contentes.
E comecei a recuperar alguma alegria. E ainda deu para, no regresso, encher os bolsos de castanhas, num sítio do caminho ***, estrumado delas.
Na ida e vinda, por gente que passei ou vi passar ao longe, ninguém caminhava de olhos cravados no telemóvel. Nem seguia atrelada a um canino.
Os meus conterrâneos rurais sabem, muito bem, a terra que calcam. Urbanamente.
O quintal está à minha espera.

David F. Rodrigues
(24-10-2018)