terça-feira, 31 de janeiro de 2017


 Luís de Montalvor faz hoje 126 anos.

INFANTE [*]


I

Baby! Sossega a tua voz. Não digas mais
essas canções do Mundo. Deixa… que eu esqueço
que fui menino ao colo de seus pais.
Deixa! que o coração em si mesmo o adormeço…

Com olhos de criança olho os desiguais
dias e nuvens, sós, passando, e empalideço…
Canto de Prometeu todo desfeito em ais!
E a vida, a vida até, brinquedo que aborreço…

Mundo dos meus enganos – como a desventura –
Experiência? – pobre fumo! anela o meu cabelo
e põe-me o bibe azul e antigo da Ternura…

Que a vida, essa Babel desfeita que se embala,
ainda é para mim – criança de Deus – pesadelo
da infância das fanfarras, fogos de Bengala!


Luís de Montalvor, 1998: Os Poemas de Luís de Montalvor.
Porto: Campo das Letras; p. 53. (Leitura, estudos e notas de Arnaldo Saraiva).


«Luís de Montalvor é o poeta português do século XX mais escandalosamente ignorado ou injustiçado. / […] / Alguns condenarão in limine uma poesia que dirão artificial, sem se darem conta de que o seu artificialismo correspondia ao modo natural de quem se queria artífice - de quem, como Mário de Sá-Carneiro, via na originalidade e na excentricidade um refúgio de liberdade e de triunfo sobre um real impossível. […] / Esse “artificialismo” não impede a gravidade e densidade dos poemas de Montalvor […]. Na sua expressão dramática ou no seu requinte formal, [… / …] poemas como “Infante”, “Sala morta”, “Pausa”, “Entardecer!”, “Écloga” [ver AQUI], “Dromedário” definem um poeta que nunca mais pode ser ignorado, nem desprezado.»

Arnaldo SARAIVA (ed.), 1998: O Livro de Poemas de Luís de Montalvor.
Porto: Campo das Letras; pp. 15-16.

Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Luís de Montalvor
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domingo, 29 de janeiro de 2017

III. Dispersos


III.1. Poema (LXVII)


             Todos os dias são da poesia e sua partilha, como pão nosso de cada dia.



Publicado em Cadernos Vianenses (Tomo 30), 2001, Viana do Castelo: Câmara Municipal de Viana do Castelo; p. 144. Capa:



NB - Todos os direitos reservados.

sábado, 28 de janeiro de 2017


                                   António Feliciano de Castilho faz hoje 217 anos.


     [Soneto]


Se é lícita uma lágrima nas rosas
Com que, ó noite de abril, nos rís c’roada,
İ Dos martyres da patria libertada
Uma lagrima ás sombras generosas!

Seos sepulchros dão palmas gloriosas,
Heróes herdaram sua nobre espada,
E hecatomba de tigres lhe-é votada
De dia a dia ás cinzas sequiosas.

Mas no elysio onde estão, hoje pensando
Que um dia mais que céo por Lysia passa,
Saudoso se-reúne o egregio bando.

Murmuram longo viva á jovem Graça,
                                              E involuntária lágrima escapando
                                              Do nectar entre as mãos lhe-turva a taça.

Antonio Feliciano de Castilho, 1844: Excavações Poeticas.
Lisboa: Typographia Lusitana; p. 148.
[Mais]

«[…] Castilho foi muito admirado e muito adulado, em detrimento de outros mais criadores. A sua forma, em que, no entanto, o vivo era quase sempre substituído pelo escrito, foi tida por modelar. Mas, se foi grande a sua influência de purista, se o seu labor de artista foi, até certo ponto, disciplinador, se ele continua um mestre para todo o escritor que pretende o que todos os escritores deveriam pretender: saber escrever a língua própria, − a sua passagem pela nossa poesia moderna não deixou, em verdade, nenhum sulco fundo.»

José RÉGIO, 19764: Pequena História da Moderna Poesia Portuguesa.
Porto: Porto Editora; p. 20.

Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / António Feliciano de Castilho.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

III. Dispersos


III.1. Poemas (LXV e LXVI)


             Todos os dias são da poesia e sua partilha, como pão nosso de cada dia.




Acompanhados de fotografia e nota biobibliográfica do autor, este poemas foram publicados em Colectânea de Autores Limianos Contemporâneos (Ponte de Lima: Câmara Municipal de Ponte de Lima, 1996, pp. 46 e 47). Capa:


«Aqui Já / Jaz» foi inicialmente publicado, sem título, apenas com a numeração «27», no livro O Que É Feito de Nós (Viana do Castelo: Límia, 1988, p. 41), depois reproduzido, neste blogue, AQUI. Por sua vez, «Falo / Falo a Eloquência do Corpo» sofreu algumas alterações, relativamente à primeira versão, inicialmente publicada na coletânea A Ilha dos Amores (Porto: Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 1984, s/p), integrada ma IV Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira, tal como se encontra reproduzido, também neste blogue, AQUI.

NB - Todos os direitos reservados.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017


                                             Afonso Lopes Vieira faz hoje 139 anos.



            LINDA INÊS [*]


Choram ainda a tua morte escura
Aquelas que chorando a memoraram;
As lágrimas choradas não secaram
Nos saüdosos campos da ternura.

Santa entre as santas pela má ventura,
Rainha, mais que todas que reinaram;
Amada, os teus amores não passaram
E és sempre bela e viva e loira e pura.

Ó Linda, sonha aí, posta em sossêgo
No teu muymento de alva pedra fina,
Como outrora na Fonte do Mondego.

Dorme, sombra de graça e de saudade,
Colo de Garça, amor, moça menina,
Bem-amada por toda a Eternidade!



                                                                           Afonso Lopes Vieira, 1918: [«*»]. Em Cancioneiro de Coimbra.
Coimbra: França Amado; pp. 123-124.


«Não anda actualmente muito lembrado o nome de Afonso Lopes Vieira. A sua poesia, no entanto, é das mais significativas de entre as obras poéticas imediatamente anteriores ao modernismo [...]. / Como poeta, [...] estreou-se, em 1897, com o livro Para Quê? , bastante típico do estado de espírito finissecular, nas suas decadentes manifestações de derrotismo, mas muito longe de corresponder, por isso mesmo, aos aspectos positivos que ulteriormente se afirmariam na sua obra. A este respeito, o segundo livro - Náufrago -, publicado no ano seguinte, já será incomparàvelmente mais representativo. [...] A este livro seguir-se-iam depois, desde 1899 a 1940, mais de uma vintena de volumes de versos; mas aqueles que mais contariam para a plena afirmação da sua voz seriam, decerto, IIhas de Bruma (1917), País Lilás, Desterro Azul (1922) e Onde a Terra se Acaba e o Mar Começa (1940). [...]»

                                                                       David MOURÃO-FERREIRA, 1969: Tópicos de Crítica e de História Literária.
Lisboa: União Gráfica; pp. 244-245.


Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Afonso Lopes Vieira.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017


                                              Judith Teixeira faz hoje 137 anos.


                                                              O PALHAÇO

Anda-se a rir, a rir dentro de mim,
com as lividas faces desbotadas
um estranho palhaço de setim,
rasgando em dôr meu peito ás gargalhadas!

Sóbe aos meus olhos sempre a rir assim… −
espreitando as figuras malsinadas
que se não vestem nunca de arlequim,
mas que andam pela vida disfarçadas.

Na sombra dos meus cilios, embuscado,
ri, no meu olhar frio e desolado,
escondendo-se atonito e surpreso…

E quando desce á triste moradia,
vem mais louco e soberbo de ironia
na irrisão dum sarcástico despreso!


                                                                                                           Judith Teixeira, 1923: Castelo de Sombras.
                                                                                             (Edição fac-símile comemorativa dos 500 Anos da Biblioteca
                                                                                                                    da Universidade de Coimbra), 2014; pp. [55-56].


«[…] Mulher rebelde e que se dava bem com os Modernos [primeiros modernistas portugueses], escreve no entanto uma poesia que é “decadente”. A força está no impacte da biografia, real ou imaginária, sobre o poema. […] Judith Teixeira é um caso – um desafio social e sexual. […] Aqui está mais uma biografia esplêndida à espera de ser escrita. […] Se quer experimentar um travo esquecido da poesia portuguesa coeva da revolta moderna, oiça estas vozes, rubras.»
Gil de CA\RVALHO, 1998: «Judith Teixeira / Poemas / 1996.» (Recensão crítica).
Em  Colóquio / Letras, 1998, n.º 149/150. Lisboa: Gulbenkian; p. 407.

Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Judith Teixeira.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

 António Manuel Couto Viana faz hoje 94 anos.

                  ESGAR


   A doença deste velho
   É estar só.
   A sua imagem, no espelho,
   Cobriu-se, há muito, de pó.

   Teve amigos e parentes:
   Perdeu-os como perdeu
   Cabelo, dentes
   E um lugar seu no céu.

   Dantes, vinha a poesia,
   Em horas de solidão,
   Fazer-lhe companhia.
   Agora, não!

   Resta-lhe a compra de instantes
   A imitar a eternidade.
   E os livros pelas estantes...
   E a saudade...


          António Manuel Couto Viana, 1985: Uma Vez Uma Voz - Poesia Completa [1948-1983].
Lisboa: Verbo; p. [256].

Poema dito por David de Sousa Rodrigues. Obrigado!

«[…]Lírica e dramática, clássica e romântica, sentimental e irónica, a poesia de António Manuel Couto Viana, de expressão a um tempo límpida e hermética, directa e oblíqua, surde e realiza-se ao nível de interessantes antinomias. Se elas são o preço da sua modernidade, são também a certeza da sua permanência.»

David MOURÃO-FERREIRA, 1985: «De “O Avestruz Lírico” até “A Face Nua”».
Em  António Manuel Couto Viana, 1985: Uma Vez uma Voz – Poesia Completa [1948-1983].
Lisboa: Verbo; p. [28]. 


Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / António Manuel Couto Viana.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

     Frutos da Terra e do Homem

Eugénio de Andrade faz hoje 95 anos.


Poema dito por David Sousa Rodrigues. Obrigado!

Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Eugénio de Andrade.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

IV. Frutos da Terra e do Homem

                                           Oswald de Andrade faz hoje 127 anos.


Poema dito por David Sousa Rodrigues. Obrigado!
Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Oswald de Andrade.
IV. Frutos da Terra e do Homem

                                 Al Berto faz hoje 69 anos.

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Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Al Berto.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017



          poema (LXIV)

                [Publicado, no Brasil, em Dimensão - Revista Internacional de Poesia (Ano XI, n.º 21 - 1991, p. 16). O seu editor era o poeta Guido Bilharinho. (Capa do referido n.º, abaixo.)]


NB - Todos os direitos reservados.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

IV. Frutos da Terra e do Homem

                   João Cabral de Melo Neto faz hoje 97 anos.

Obs. 1 - Respeitada a grafia da edição consultada.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / João Cabral de Melo Neto.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

IV. Frutos da Terra e do Homem
  
                                 Fernão de Magalhães Gonçalves faz hoje 74 anos.

Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Fernão de Magalhães Gonçalves.

Carl Sandburg (1878 - 1967), poeta norte-americano, mas de origem sueca, faz hoje 139 anos. Para conhecer, deste autor, alguns poemas (três) e uma breve nota biobibliográfica, cf. Poesia do Século XX (De Thomas Hardy a C. V. Cattaneo) - Antologia, tradução, prefácio e notas de Jorge de Sena. Porto: Inova, pp. 214-5 e 519, respetivamente. 

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

IV. Frutos da Terra e do Homem

                                           Vasco Graça Moura faz hoje 75 anos.

Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Vasco Graça Moura.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

III. Dispersos


III.1. Poema (LXIII)

             Todos os dias são da poesia e sua partilha, como pão nosso de cada dia.



Publicado, no Brasil, em Dimensão - Revista de Poesia (Ano X, n.º 18/19, 1.º e 2.º Semestre de 1989; p. 17). O seu editor era o poeta Guido Bilharinho e o Conselho Editorial era constituído pelos poetas Carlos Roberto Lacerda, Jorge Albero Nabut e Lincoln Borges de Carvalho. [Capa do referido n.º duplo, a seguir.]
NB - Todos os direitos reservados.

domingo, 1 de janeiro de 2017

IV. Frutos da Terra e do Homem
   
                                             Afonso Duarte faz hoje 133 anos.


Obs. 1 - Respeitada a grafia da edição consultada.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Afonso Duarte.