Agostinho da Silva faz hoje 111 anos.
Luís
o das lembranças amorosas
devolvidas
do céu pois do céu vinham
talvez
tenha entendido as valiosas
mensagens
de esperança que continham
que
todos nossos passos se encaminham
por
caminhos de espinhos ou de rosas
ao
único real em que detinham
seu
pensamento as almas mais ditosas
o
do lugar que espaço não contém
o
do tempo que marca hora nenhuma
o
do sem nome algum que é mal e bem
esse
puro não ser que é todo ser
em
que inteiro por já livre assuma
a
vida que se ganha em se morrer.
Agostinho da Silva, 1989: Uns Poemas de Agostinho.
Lisboa:
Ulmeiro; p. 52.
«[…] Não terá porventura Agostinho da Silva
alimentado exageradas pretensões, ao fazer […] poemas que não se afiguram “construídos” com deliberação técnica,
antes libertos, poesia jorrada espontaneamente, que já é poesia antes de o ser
(e daí quem sabe?). E daí quem sabe quanta suspeita nos invade, à leitura desta
poesia que, sendo reflexiva, nem por isso é menos lúdica, sendo camoniana (no
sentido em que até se parafraseia Camões), nem por isso é menos irónica.
Ambígua, esta poesia. […]»
F[ernanda] B[OTELHO], 1989: «E Posto Que Viver Me É Excelente?».
Colóquio/Letras, n.º 112 (Novembro-Dezembro de
1989).
Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian; p. 101.
NB1 - As fotografias do Poeta foram colhidas em
Google+ / Imagens / Agostinho da Silva.
NB2 -
Foram respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.
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