segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017


   Agostinho da Silva faz hoje 111 anos.

[“Luís o das lembranças amorosas”]

Luís o das lembranças amorosas
devolvidas do céu pois do céu vinham
talvez tenha entendido as valiosas
mensagens de esperança que continham

que todos nossos passos se encaminham
por caminhos de espinhos ou de rosas
ao único real em que detinham
seu pensamento as almas mais ditosas

o do lugar que espaço não contém
o do tempo que marca hora nenhuma
o do sem nome algum que é mal e bem

esse puro não ser que é todo ser
em que inteiro por já livre assuma
a vida que se ganha em se morrer.

Agostinho da Silva, 1989: Uns Poemas de Agostinho.
Lisboa: Ulmeiro; p. 52.

Para recordar e/ou ser (mais) informado: «Agostinho da Silva» e «Portal Agostinho da Silva»


«[…] Não terá porventura Agostinho da Silva alimentado exageradas pretensões, ao fazer […] poemas que não se afiguram “construídos” com deliberação técnica, antes libertos, poesia jorrada espontaneamente, que já é poesia antes de o ser (e daí quem sabe?). E daí quem sabe quanta suspeita nos invade, à leitura desta poesia que, sendo reflexiva, nem por isso é menos lúdica, sendo camoniana (no sentido em que até se parafraseia Camões), nem por isso é menos irónica. Ambígua, esta poesia. […]»

F[ernanda] B[OTELHO], 1989: «E Posto Que Viver Me É Excelente?».
Colóquio/Letras, n.º 112 (Novembro-Dezembro de 1989).
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; p. 101.


NB1 - As fotografias do Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / Agostinho da Silva.
NB2 - Foram respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

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