sábado, 18 de fevereiro de 2017


  António Aleixo faz hoje 118 anos.

A Arte

Vejo a arte definida
Na forma de descrever
O bem ou mal que a vida
Nos faz gozar ou sofrer.

Um poeta de verdade,
Se se souber compreender,
Não deve de ter vaidade
De o ser, porque o é sem q’rer.

Ser artista é ser alguém!
Que bonito é ser artista…
Ver as coisas mais além
Do que alcança a nossa vista!

A arte é força imanente,
Não se ensina, não se aprende,
Não se compra nem se vende,
Nasce e morre com a gente.

A arte é dom de quem cria;
Portanto não é artista
Aquele que só copia
As coisas que tem à vista.

A arte em nós se revela
Sempre de forma diferente:
Cai no papel ou na tela
Conforme o artista sente.

António Aleixo, 1990: Este Livro Que Vos Deixo...
(Vol. I - 8.ª ed.). Prefácio e notas preliminares de Fernando Laginha e Joaquim Magalhães.
Lisboa: Editorial Notícias; pp. 63-64. (1.ª edição:1969.)

Para recordar e/ou ser (mais) informado:


«[…] Trovador e repentista popular, muito conhecido já antes do 25 de Abril, a sua aura, a partir de então, tem sido crescente, decerto porque o poeta soube reflectir, com engenhoso talento e de modo conceituoso, incisivo, naturalmente ingénuo mas não desprovido de maliciosa fundura, as suas vivências de largos estratos do povo português. […]»

L[uís] A[MARO], 2002: «Aleixo, António Fernandes».
Em Ernesto Rodrigues, Pires Laranjeira & Viale Moutinho (coords.), 2002: Dicionário de Literatura.
Actualização (1.º Volume). Lisboa/Porto: Figueirinhas; p. 44.

NB1 - As fotografias do Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / António Aleixo.
NB2 - Foram respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

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