Daniel Filipe faz hoje 92 anos.
O Viajante Clandestino
III
Este
é o local, o dia, o mês, a hora.
O
jornal ilustrado aberto em vão.
No
flanco esquerdo, o medo é uma espora
fincada,
firme, imperiosa. Não
espero
mais. Porquê esta demora?
Porquê
temores, suores? Que vultos são
aqueles,
além? Quem vive ali? Quem mora
nesta
casa sombria? Onde estão
os
olhos que espiavam ainda agora?
O
medo, a espora, o ansiado coração,
a
noite, a longa noite sedutora,
o
conchego do amor, a tua mão…
Era
o local, o dia, o mês, a hora.
Cerraram
sobre ti os muros da prisão.
Daniel Filipe,
1974: Pátria Lugar de Exílio.
Lisboa: Presença; p. 43. [1.ª ed., 1963]
Para
recordar e/ou ser (mais) informado:
«Se dizemos que é tempo de fazer regressar
ao nosso convívio a poesia de Daniel Filipe, sobretudo a poesia de A Invenção do Amor e outros poemas, falamos
apenas em regresso físico – à palavra impressa, ao livro. Em qualquer outra
acepção, não há que falar em regresso: os seus poemas estão aí como sempre
estiveram – hoje até mais actuais, com uma acuidade mais viva, como se a
comunicação que entre eles e nós se estabelece tivesse conquistado uma nova
dimensão, ou porque a nossa actualidade se abriu mais à palavra da Daniel
Filipe, encontrando-se de súbito mais próxima dessa poesia que funde tão
intimamente amor e liberdade. […]»
Francisco ESPADINHA, 1983: «Nota
sobre a Invenção do Amor».
Em Daniel Filipe, 19836:
A Invenção do Amor e Outros Poemas.
Lisboa:
Presença, p. 9. [1.ª ed., 1960]
NB1 - As fotografias do Poeta foram colhidas em
Google+ / Imagens / Daniel Filipe.
NB2 -
Foram respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.
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