quarta-feira, 1 de março de 2017



   Alberto Osório de Castro faz hoje 149 anos.


           VOLER DI CUORE
                             
                                     Que não sabe homem aquela hora
                                     Em que lhe há-de vir o amor.
                                            BERNARDIM RIBEIRO, Éclogas.


Bem quisera, Senhora, que este afecto
Não fosse amor, mas límpida amizade,
Sentimento viril, alto e discreto,
De natural renúncia, e de lealdade.

 Mas é-se homem! E é pobre humanidade
Esta ânsia de tocar o que é secreto
E adorável, de olhar o que é dilecto,
E é toda a luz da vida e suavidade.

Ah! Senhora, ah! Senhora, a Carmelita
É só na voz de amor da Sulamita
Que com Deus fala de divino amor.

Não falo, não, de amor, mas de exaltada
Ternura da alma pela bem-amada
Alma gentil de mistério e de dor.

                                      Novembro, 23, 1921


Alberto Osório de Castro, 2004: Obra Poética (Vol. II).
Organização de António Osório. Lisboa: IN-CM; p. 180.

Para recordar e/ou ler e/ou ser (mais) informado:
«Alberto Osório de Castro - Infopédia» e «Alberto Osório de Castro – Dicionário de Orientalistas da Língua Portuguesa»

«[…] Formou-se em Direito em Coimbra, onde com António Nobre, Alberto de Oliveira e Eugénio de Castro, tomou parte activa na renovação da poesia portuguesa […]. Data de então a sua grande amizade com Camilo Pessanha […]. Os seus quatro livros capitais, todos eles de poesia – Exiladas (Coimbra, 1895), A Cinza dos Mirtos (Nova Goa, 1906), Flores de Coral (Timor, 1908), O Sinal da Sombra (1923) – testemunham uma requintada predilecção pela singularidade, pelo “diferente”, pela morbideza. […] Na composição dos seus quadros poéticos intervêm o precioso e o excepcional, já pela própria natureza dos motivos que o ambiente lhe impõe […], já por uma deliberada procura vocabular. […] Com menos força que na lírica de Pessanha, encontram-se, todavia, nos poemas de A. O. de C. os temas do amor e da morte, do tempo inexorável e inapreensível, tempo espesso em que nada perdura, onde tudo morreu.»

U[rbano] T[avares] R[ODRIGUES], 19783: «Castro, Alberto Osório de».
Em Jacinto do Prado COELHO (dir.), 19783: Dicionário de Literatura. (Vol. 1).
Porto: Figueirinhas; pp. 165 e 164.

NB1 - As fotografias da Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / Alberto Osório de Castro.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

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