Eugénio de Castro faz hoje 148 anos.
CARTA
Se
quero? Quero, sim, e vem depressa!
Esta
casa estará cheia de flores!
Cá
te espero amanhã! Não te demores!
Vem
cedinho, vem logo que amanheça!
Não
te via há dez anos! Recomeça
O
meu céu negro a encher-se de esplendores!
O
pior é que o tempo e os dissabores
Já
semearam cãs nesta cabeça…
Vais
estranhar-me, creio… Tu decerto
És
hoje o que eras, conservando ainda
As
mesmas tranças fartas e castanhas…
Tremo,
de ti julgando-me já perto…
Como
tu eras, há dez anos, linda!
Não
mudaste, pois não?... Olha… não venhas!
Eugénio de
Castro, 1938: Últimos Versos.
[Ed. consultada: Eugénio de Castro, 1987: Antologia
(Introdução,
selecção e bibliografia
de Albano
Martins). Lisboa: IN-CM; p. 279.]
Para recordar e/ou ler e/ou ser (mais) informado:
«[…] Artista superior, porventura o
mais requintado de toda a poesia portuguesa, é esse um título que não pode, em
boa verdade, recusar-se a Eugénio de Castro. E se não se detectam, na sua
poesia, os dramas pungentes – individuais ou colectivos -, as angústias
metafísicas, as preocupações sociais e as nevroses que alimentam a obra de
alguns poetas seus contemporâneos e outros de gerações posteriores, não
significa isso que não seja ele capaz de perante a vida e o mundo se emocionar.
[…]»
Albano MARTINS, 1987: «Introdução».
Em
Eugénio de Castro, 1987: 10.
NB1 - As fotografias do Poeta foram
colhidas em Google+ / Imagens / Eugénio de Castro.
NB2 - Respeitadas grafia a pontuação da
edição consultada.
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