quarta-feira, 15 de março de 2017

A PROPÓSITO DOS 50 ANOS DE O CANTO E AS ARMAS DE MANUEL ALEGRE


Ontem, ouvi, na Antena 2, e li, no DN, que, para comemorar os 50 anos da publicação de O Canto e as Armas, de Manuel Alegre, chegava às livrarias uma nova edição do livro, com prefácio de Mário Cláudio.
A notícia comenta tratar-se de «livro que marcou uma geração». E de que maneira! - recordo e, a propósito, um pouco contarei, abaixo. Mas, antes, convirá referir, em nome da verdade, que o referido jornal reproduz, lado a lado, as capas do livro, com a seguinte legenda: «A mais recente das reedições e a capa original de O Canto e as Armas».

 Ora acontece que a capa da 1.ª edição (1967, chancela: Nova Realidade) não é a que se mostra. A «capa [dita] original» que ilustra [?] a notícia é da Centelha, Coimbra, cujo símbolo se encontra no canto superior esquerdo do volume, embora não seja indicado o n.º da edição.

Não possuo O Canto e as Armas, tal como saiu em 1967. Possuo, todavia, a 2.ª edição, publicada pela Centelha, em 1970. Eis a capa e contracapa:

Agora, a recordação, entre outras, como adquiri este livro, no dia 29-1-71, por 30$00 (trinta escudos, para quem não saiba ou já se tenha esquecido destes símbolos). Livro que, como outros então adquiridos, guardo, orgulhosamente, como preciosidades.

O Canto e as Armas comprei-o, em Braga, onde era estudante, na Faculdade Filosofia, na Livraria Víctor, situada na Rua dos Capelistas. O proprietário desta livraria era Víctor de Sá [Obrigado, Henrique Barreto Nunes, pelo “post” sobre «O Livreiro Victor de Sá»]. Sabendo ele do meu gosto pela poesia, tendo-me (re)encontrado, naquela data, no seu estabelecimento, disse-me: «Venha aqui ao meu gabinete!» E fui, claro.
(Entretanto, o doutor Vítor tinha aberto outra Livraria Victor no r/c, com galeria no 1.º andar, na Rua Arantes Oliveira - o doutor residia num prédio em frente, do outro lado desta mesma rua. E eu residia na «República» que, perto, ficava na Avenida João XXI.)
O doutor Vítor abriu a gaveta do fundo da secretária e retirou dela um livro, colocando-me, nas mãos, com um largo e franco sorriso, O Canto e as Armas. E acrescentou: «Leia que vai gostar!» Agradeci e, antes de sair da Livraria Victor, paguei, grato, a um (eram dois ou três) dos funcionários.

Ainda tinha, no bolso, uns “patacos” – a bolsa da Gulbenkian também dava para, de vez em quando, me dar a estes “luxos”. E se livro houvesse, para cuja compra a “mesada” já não desse, o doutor Vítor permitia que o adquirisse a “(con)fiado”. Para o efeito, forneceu-me um cartão «Titular de Conta». Este, que ao lado se mostra:

Mais importante, muito mais importante, porém, que esta minha modesta “memória” (gosto destas aliterações em <m>), é (re)ler O Canto e as Armas, do Manuel Alegre. Já! Seja em que edição for.

Obrigado por me aturarem!

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