Judith Teixeira faz hoje 137 anos.
O PALHAÇO
Anda-se a rir, a rir dentro de mim,
com as lividas faces desbotadas
um estranho palhaço de setim,
rasgando em dôr meu peito ás gargalhadas!
Sóbe aos meus olhos sempre a rir assim… −
espreitando as figuras malsinadas
que se não vestem nunca de arlequim,
mas que andam pela vida disfarçadas.
Na sombra dos meus cilios, embuscado,
ri, no meu olhar frio e desolado,
escondendo-se atonito e surpreso…
E quando desce á triste moradia,
vem mais louco e soberbo de ironia
na irrisão dum sarcástico despreso!Judith Teixeira, 1923: Castelo de Sombras.
(Edição fac-símile comemorativa dos 500 Anos da Biblioteca
da Universidade de Coimbra), 2014; pp. [55-56].
«[…]
Mulher rebelde e que se dava bem com os Modernos [primeiros modernistas portugueses],
escreve no entanto uma poesia que é “decadente”. A força está no impacte da
biografia, real ou imaginária, sobre o poema. […] Judith Teixeira é um caso –
um desafio social e sexual. […] Aqui está mais uma biografia esplêndida à espera
de ser escrita. […] Se quer experimentar um travo esquecido da poesia
portuguesa coeva da revolta moderna, oiça estas vozes, rubras.»
Gil de CA\RVALHO, 1998: «Judith
Teixeira / Poemas
/ 1996.» (Recensão crítica).
Em Colóquio / Letras,
1998, n.º 149/150. Lisboa: Gulbenkian; p. 407.
Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Judith Teixeira.
Sem comentários:
Enviar um comentário