António Feliciano de Castilho faz hoje 217 anos.
[Soneto]
Se é lícita uma lágrima nas
rosas
Com que, ó noite de abril,
nos rís c’roada,
İ Dos martyres da patria libertada
Uma lagrima ás sombras
generosas!
Seos sepulchros dão palmas
gloriosas,
Heróes herdaram sua nobre
espada,
E hecatomba de tigres lhe-é
votada
De dia a dia ás cinzas
sequiosas.
Mas no elysio onde estão,
hoje pensando
Que um dia mais que céo por
Lysia passa,
Saudoso se-reúne o egregio
bando.
Murmuram longo viva á jovem
Graça,
E involuntária lágrima
escapando
Do nectar entre as mãos
lhe-turva a taça.
Antonio Feliciano
de Castilho, 1844: Excavações Poeticas.
«[…] Castilho foi
muito admirado e muito adulado, em detrimento de outros mais criadores. A sua
forma, em que, no entanto, o vivo era
quase sempre substituído pelo escrito,
foi tida por modelar. Mas, se foi grande a sua influência de purista, se o seu
labor de artista foi, até certo ponto, disciplinador, se ele continua um mestre
para todo o escritor que pretende o que todos os escritores deveriam pretender:
saber escrever a língua própria, − a sua passagem pela nossa poesia moderna não
deixou, em verdade, nenhum sulco fundo.»
José RÉGIO, 19764:
Pequena História da Moderna Poesia
Portuguesa.
Porto: Porto Editora; p. 20.
Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / António Feliciano de Castilho.
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