António Manuel Couto Viana faz hoje 94 anos.
A doença deste velho
É estar só.
A sua imagem, no espelho,
Cobriu-se, há muito, de pó.
Teve amigos e parentes:
Perdeu-os como perdeu
Cabelo, dentes
E um lugar seu no céu.
Dantes, vinha a poesia,
Em horas de solidão,
Fazer-lhe companhia.
Agora, não!
Resta-lhe a compra de instantes
A imitar a eternidade.
E os livros pelas estantes...
E a saudade...
António Manuel Couto Viana, 1985: Uma Vez Uma Voz - Poesia Completa [1948-1983].
Lisboa: Verbo; p. [256].
Poema dito por David de Sousa Rodrigues. Obrigado!
«[…]Lírica e dramática, clássica e romântica, sentimental e irónica, a poesia de
António Manuel Couto Viana, de expressão a um tempo límpida e hermética, directa e
oblíqua, surde e realiza-se ao nível de interessantes antinomias. Se elas são o
preço da sua modernidade, são também a certeza da sua permanência.»
David MOURÃO-FERREIRA, 1985: «De
“O Avestruz Lírico” até “A Face Nua”».
Em António Manuel Couto Viana, 1985: Uma
Vez uma Voz – Poesia Completa [1948-1983].
Lisboa: Verbo; p. [28].
Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / António Manuel Couto Viana.
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