quinta-feira, 7 de setembro de 2017

IV. Frutos da Terra e do Homem


Todos os dias são da poesia e sua partilha, como pão nosso de cada dia.


Camilo Pessanha faz hoje 150 anos.

Ao longe os barcos de flores


Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
- Perdida voz que de entre as mais se exila,
- Festões de som dissimulando a hora.

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora…
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil… quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora…

Camilo Pessanha, 19735: Clepsidra e Outros Poemas. Lisboa: Ática; p. 173. [Respeitada grafia da edição consultada.]


NB - As fotografias do Poeta que ilustram este "post" foram colhidas em Google / Imagens / Camilo Pessanha!

Sem comentários:

Enviar um comentário