Todos os dias são da poesia e sua partilha, como pão nosso de cada dia.
Camilo Pessanha faz hoje 150 anos.
Ao longe os barcos
de flores
Só, incessante, um
som de flauta chora,
Viúva, grácil, na
escuridão tranquila,
- Perdida voz que
de entre as mais se exila,
- Festões de som
dissimulando a hora.
Na orgia, ao longe,
que em clarões cintila
E os lábios, branca,
do carmim desflora…
Só, incessante, um
som de flauta chora,
Viúva, grácil, na
escuridão tranquila.
E a orquestra? E os
beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só
modulada trila
A flauta flébil…
quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que
sem razão deplora?
Só, incessante, um
som de flauta chora…
Camilo Pessanha,
19735: Clepsidra e Outros
Poemas. Lisboa: Ática; p. 173. [Respeitada grafia
da edição consultada.]
NB - As fotografias do Poeta que ilustram este "post" foram colhidas em Google / Imagens / Camilo Pessanha!
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