Todos os dias são da poesia, como pão nosso de cada dia.
Guerra Junqueiro faz hoje 167 anos.
O
PAPÃO
As
crianças têm medo à noite, às horas mortas,
Do
papão que as espera, hediondo, atrás das portas,
Para
se levar no bolso ou no capuz dum frade.
Não
te rias da infância, ó velha humanidade,
Que
tu também tens medo ao bárbaro papão,
Que
ruge pela boca enorme do trovão,
Que
abençoa os punhais sangrentos dos tiranos,
Um
papão que não faz a barba há seis mil anos,
E
que mora, segundo os bonzos têm escrito,
Lá
em cima, detrás da porta do infinito!
Guerra Junqueiro, 1967?: A Velhice do Padre Eterno.
Porto:
Lello & Irmão; p. 33. [Respeitada a grafia da edição consultada.]
NB1 – O volume consultado não traz n.º de edição. Daí, a interrogação sobrescrita ao ano.
NB2
– As fotografias do Poeta foram colhidas em Google / Imagens / Guerra
Junqueiro.
Grata, David. Levo para o Ninho das Artes.
ResponderEliminarObrigado, I(sa)bel!
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