domingo, 17 de setembro de 2017

IV. Frutos da Terra e do Homem

Todos os dias são da poesia, como pão nosso de cada dia.

Guerra Junqueiro faz hoje 167 anos.



O PAPÃO



As crianças têm medo à noite, às horas mortas,
Do papão que as espera, hediondo, atrás das portas,
Para se levar no bolso ou no capuz dum frade.
Não te rias da infância, ó velha humanidade,
Que tu também tens medo ao bárbaro papão,
Que ruge pela boca enorme do trovão,
Que abençoa os punhais sangrentos dos tiranos,
Um papão que não faz a barba há seis mil anos,
E que mora, segundo os bonzos têm escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito!


Guerra Junqueiro, 1967?: A Velhice do Padre Eterno.
Porto: Lello & Irmão; p. 33. [Respeitada a grafia da edição consultada.]



 NB1 – O volume consultado não traz n.º de edição. Daí, a interrogação sobrescrita ao ano.
NB2 – As fotografias do Poeta foram colhidas em Google / Imagens / Guerra Junqueiro.

2 comentários: