Todos os dias são da poesia, como pão nosso de cada dia.
José Régio faz hoje 116 anos.
REDENÇÃO
Meus
poemas desprezaram a Beleza…
Fi-los
descendo e transcendendo lodos.
(Dos
lodos todos e dos poemas todos
Aqui
vos falo com feroz franqueza!)
Fi-los,
sentando à minha mesa impura
Quantos
pecaram, por qualquer dos modos
Que
há, de pecar, entre judeus ou godos…
E
assim os fiz mais belos que a Beleza.
Tenho
as mãos negras e os sorrisos curvos
Dos
que, na sombra, beijam as raízes
Do
que parece claro à luz de fora.
Vinde
aos espelhos dos meus olhos turvos!
Se
sois infames, fracos, e infelizes,
Neles
vereis como já nasce a aurora.
José Régio, 19695: Biografia.
Lisboa:
Portugália; pp. 151-2. [Respeitada grafia da edição consultada.]
NB
– As fotografias do Poeta foram colhidas em Google / Imagens / José Régio.
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