quinta-feira, 22 de maio de 2014

IV. Frutos da Terra e do Homem


                                                       Todos os dias são da poesia e sua partilha, como pão nosso de cada dia.




2 comentários:

  1. Por mais polémica que seja a vários níveis, não podemos deixar de admirar esta poetisa (ou poeta, denominação que defendia uma outra grande senhora, Natália Correia) que sempre defendeu a mulher, como cidadã, como ser autónomo (insurgindo-se contra a tão banalizada "costela de Adão"), sem nunca negligenciar o feminino e o seu tão-seu-erotismo (passe o neologismo e passe o pleonasmo)!
    Dela, se me permite, David, deixo aqui um outro poema, de que gosto particularmente.

    "os outros

    Despimo-nos dos outros
    secamente
    e devagar ficamos
    enlaçados

    Enquanto a noite
    voa
    no seu vento
    procuramos a paz fora de tempo
    e a ternura a meio da madrugada

    Quem foi que nos
    deixou
    uma certeza?

    Quem foi que nos
    disse
    encantamento?

    Quem foi que nos
    leu
    a nossa vida?

    Quem foi que
    acendeu
    o pensamento?

    Que viagem difícil
    de regresso

    Que objecto difícil
    de repor

    Que adiado veneno
    não tomado

    Que estranha tempestade
    sem fragor

    Despidos meu amor
    dos outros
    tarde
    mas sedentos de esperança
    sempre cedo

    Acusados
    Suspeitos
    Devassados

    A fazermos amor
    do nosso medo"

    MARIA TERESA HORTA, 1983: Poesia Completa.2 Litexa, pp 90-91

    e assim me despeço com consideração e estima e o habitual
    beijinho
    ;-)
    IA

    PS: Estimo também rápidas melhoras!

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  2. Amiga Isaura, procuro (mas nem sempre consigo) desligar o artista (no caso a poeta) do resto. Sempre vi e li a MTH como poeta e (quase) só como poeta. Tal como leio Agustina (para referir outra e só mais outra escritora) como romancista e (quase) só como romancista. Sobretudo. E podia falar de muitas/os outras/os. O primeiro compromisso de um escritor - penso - é de natureza estética e literária, com a(s) arte(s) a que se dedica. E sendo-o, com verdade e coerência, está também lutar pela(s) cusa(s) - humana(s), sócio-política(s), cultural(ais), etc. - em que acredita. E assim também a(s) defende e promove.
    Desculpe o «devaneio». Por onde me meti!...
    Beijinhos.
    daVid
    PS - Cá vou recuperando.

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