terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

III. Dispersos

III.1. Poemas (IV)

Com o pseudónimo de David Guerreiro, publiquei, no n.º 16 (setembro de 1969) do jornal O Alto de S. Cristóvão, p. 1, o poema seguinte. Reproduzo, também, o cabeçalho do n.º do referido jornal.




Obs. - Agradeço ao Emídio Crisóstomo a cedência dos jornais onde colhi estes dispersos «grãos de poesia». Espero por outros números. Muito obrigado. Abraço!

8 comentários:

  1. Belo poema fúnebre escrito nos teus verdes anos. Pela cadência e musicalidade reporta-nos a um João de Deus. Fazes muito bem, David, em divulgar esse teu arquivo, que serve para nós reconstituirmos, de algum modo, o teu itinerário. Parabéns e forte abraço.

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    1. Muito obrigado, Cláudio, pelo teu comentário. Foi assim (mais ou menos) que comecei a fazer versos. De alguma maneira deveria ter começado. Eu nasci poeta, nem para ser poeta. Mas uma vez encontrada esta arte, fui-me aproximando dela e lentamente continua tentando descobri-la. Passiva e ativamente. Até ao dia em que ela diga, olhos nos olhos: «Não tens nada a ver comigo! Vai em paz!»

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    2. A mão escrevente fugiu-te para a verdade: "Eu nasci poeta". Depois é que a forçaste à contradição. Escrevi há tempos algo como isto: alguém fazer versos aos 18 anos é uma questão libido-hormonal; fazê-los na idade madura é uma vocação indeclinável. Onde te situas?! Super-abraço!

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    3. Inlcino-me, Cláudio, à tua observação. Mas , realmente, a asserção é: «Eu não nasci poeta.» Ninguém nasce, aliás. Peço desculpa pelo lapso. Quanto ao resto, escrever (sobretudo poemas), hoje, maduro de idade e de emoções, é, para mim, uma questão de vida, melhor de viver, que não "modo de vida". Apenas de vida, devidamente vivida. Obrigado, Cláudio, mais uma vez, com o nosso cordial abraço!

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  2. Perfeita esta métrica em redondilha,esta toada tão tristemente linda, a lembrar as cantigas tradicionais e o pendor lúgubre do romantismo, que tanto nos caracterizam. Lê-se com comoção e fica um nó na garganta, pela impotênncia da vida e do sonho, na flor da idade e, pelo esboroar da esperança.
    Um forte abraço.Acho que nasceste com a poesia, sim.

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    1. Muito obrigado, Ibel, pelo teu comentário, estético-literário (generosidade tua) a esta minha triste "cantiga", escrita e publicada em 69. (Parece que foi ontem, e já lá vão quase 50 anos!). Admito ter nascido com a poesia (não poeta), isto é, com as cantigas populares que minha mãe e minhas irmãs (mais velhas que eu) cantariam para me embalar e fazer dormir. Ou só para me entreter. Como, depois, mais tarde (recordo-me perfeitamente, acredita Ibel) me contavam contos de tradição oral, para não adormecer. Sobretudo na noite em que se cozia mais uma fornada de pão de milho. E de tantas vezes os ter ouvido (a «antologia» não era grande), de olhos bem arregalados e atenção redobrada, ainda hoje os sei de cor. Curiosamente (ou talvez não), hoje, contam-se histórias às crianças para as adormecer. Enfim: mudam-se os tempos...

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  3. David, esse teu mundo teve muito de semelhanças com o meu. A minha mãe era professora primária numa aldeia, Milhazes, e passávamos lá uma fatia do ano.
    Da casa que o Regedor emprestava à professora, via-se toda a extensão da aldeia, como um presépio e, junto ao meu quarto, a fonte dos meus encantos. adormecia com a linfa a verter na pedra e de madrugada a cantar nas bilhas, mais o alarido das mulheres que se levantavam para a faina. à noite, na casa do SR Abade ou na casa das Brites, as histórias eram contadas e cantadas. E lá estava eu a beber aquilo tudo com sofreguidão e inquietação...

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    1. De facto, Ibel, os saberes e os fazeres (e os haveres) do povo das nossas velhas aldeias constituíam um valioso património cultural e linguístico. Património que muitos dos nossos melhores escritores (estou a lembrar-me de Garrett, Camilo, Aquilino, Carlos de Oliveira, entre outros) tão bem souberam reconhecer e recolher e, transfigurando-o, integrar nas suas obras.

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