sábado, 20 de setembro de 2014



IV. Frutos da Terra e do Homem


Estudos sobre Aquilino Ribeiro em revista
Cadernos Aquilinianos, n.º 22 (2014)


Cadernos Aquilinianos é uma revista que se publica, em Viseu, desde Maio de 1992*, data do seu primeiro número. Completamente dedicada à vida e obra do grande Escritor, inicialmente, a sua edição e propriedade pertenciam à Fundação Aquilino Ribeiro, com sede em Soutosa. Com a criação do Centro de Estudos Aquilino Ribeiro (CEAR), na Universidade Católica de Viseu, a sua edição, redação e administração passou para a responsabilidade deste Centro. Após um curto período de interrupção (2009-2012), a revista volta a ser editada em 2013. O seu n.º mais recente (22) corresponde ao 1.º semestre do ano em curso (2014) e acaba de ser lançado a público. O seu diretor é Jerónimo Costa, cargo que ocupa desde o n.º 20, saído em 2003, e que dá início a nova série (3.ª) desta importante publicação. Até aquele n.º 19, foi seu diretor Henrique Almeida.
Com periodicidade semestral prevista (cumprindo-se, alguns anos, por vezes, em n.º duplo), as dimensões e formato, bem como a estrutura temática mantiveram-se praticamente inalterados. Apenas as ilustrações e arranjos gráficos das capas sofreram alterações, por três vezes. Nas páginas domina o texto, mas encontramos também artigos ilustrados com fotografias do Escritor, da sua obra e de lugares por onde andou e viveu.
Não cabe aqui uma análise pormenorizada e desenvolvida do n.º 22 nem de cada um dos seus principais trabalhos, por tempo não ter havido para a sua leitura crítica, dado tratar-se, além do mais, de um volume com 220 páginas. Ficar-me-ei, por isso, desta vez, apenas pela apresentação dos seus principais conteúdos temáticos.



     1992                                      1998                              2014

Duas são, habitualmente, as secções principais em cada n.º de Cadernos Aquilianos: «Leituras» e «Memórias», variando, dentro de cada, os respetivos subtítulos, de acordo com os conteúdos nelas inseridos. Assim, neste n.º 22, a secção «Leituras» é constituída por «ensaios» e «testemunhos». Encontramos, aqui, artigos de António Manuel Ferreira [«Variações Bíblicas: a novela As Três Mulheres de Sansão de Aquilino Ribeiro» (pp. 15-46)], de Peter Henemberg [«Alemanha vista por Aquilino», pp. 47-54], de Manuel Lima de Bastos [«Aquilino Ribeiro, Manuel da Fonseca e a Alcateia dos Lobos Uivantes» (pp. 55-70)]. Cabe referir que este estudo é, segundo refere o seu diretor, no editorial «Tempo e Memória», um capítulo em pré-publicação de um dos próximos livros de Bastos (p. 6). Continuando, segue-se estudo de Martim de Gouveia e Sousa [«Ensaio sobre a influência e a ascensão em Andam faunos pelos bosques & não só: Aquilino Ribeiro e Francisco de Moura Seco» (pp. 71-81)]. Esta secção termina com o artigo de Agostinho Ribeiro, intitulado «Aquilino Ribeiro e o Museu Grão Vasco» (pp. 83-88).
A secção «Memórias» inclui os subtítulos «Evocações» e «Efemérides». Abre com o «As Três Fidelidades de Aquilino», de António Valdemar (pp. 92-94), discurso do «elogio fúnebre» que o autor proferiu, aquando das cerimónias da trasladação dos restos mortais de Aquilino para o Panteão Nacional, ocorrida em 19 de setembro de 2007. Segue-se novo trabalho de Martim de Gouveia Sousa [«O superlativo em Aquilino Ribeiro» (pp. 95-100)]. Isabel Monteiro, em «Palavras Iniciais» (pp. 102-103), «celebra os amigos» de Camilo e «os momentos inolvidáveis» que familiares diretos (avô e pai) da autora e outros amigos do Escritor, como José Lopes de Oliveira e Manuel Mendes) passaram juntos, nomeadamente, nas lutas políticas que foram travando contra as ditaduras de João Franco e de Salazar. Esta secção termina com a reprodução fac-similada da «palestra» que Manuel Mendes proferiu no Rotary Club de Braga, em 14 de setembro de 1965, intitulada A Intervenção de Aquilino no Quadro da Cultura Nacional, publicada no respetivo Boletim e depois em separata (pp. 126-133).
Além destas secções principais, o 22.º n.º de Cadernos Aquilinianos traz uma secção de recensão crítica a dois livros, cujo autor trata de tema(s) relacionado(s) com Aquilino, ambos escritos por Manuel de Lima Bastos: «Em Roda de O Albergue das Letras», por Miguel Veiga» (pp. 139-144) e «Sobre o Regresso a Romarigães na Sombra de Mestre Aquilino», por Celestino Portela (pp. 149-158).
As páginas restantes são dedicadas a notícias sobre «a vida interna» do CEAR (pp. 7-12) e, sob a designação geral de «Aquilinianas», relatos ou reproduções fac-similadas de «serões, notícias e publicações» sobre a vida e a obra do Escritor.
Aquilino Ribeiro bem merece uma revista como esta, pela quantidade e qualidade da obra que produziu, mas também pela variedade de géneros a que se dedicou. A propósito, observa com pertinência e em síntese Jerónimo Costa, atual diretor de Cadernos Aqulinianos:
«Nesta altura estarão cumpridos cento e vinte e nove anos sobre o nascimento do mestre escritor que, no intervalo dos seus combates pela liberdade, amealhou o tempo necessário para nos legar meia grosa de livros de géneros literários tão diversos como o conto e o romance, a biografia, o ensaio histórico, crítico e político, a erudição e a polémica, a literatura infantil e o teatro. Inúmeras traduções, algumas esquecendo o progenitor e consideráveis colaborações nos jornais e revistas da época são ainda o nosso pecúlio que procuraremos, como progénitos, não dissipar pelas brumas do esquecimento.» (p. 5)
Cardernos Aquilinianos é publicação, até pelo muito pouco que se disse, que interessará não só a aquilianistas mas a todos quantos se interessam, pessoal ou institucionalmente, pela literatura e cultura portuguesas. Daí que esta publicação deva estar presente e disponível em todas as bibliotecas municipais e em todas as escolas públicas deste país.


* Apesar de, certamente por lapso, no «Índice onomástico remissivo» até 2013, se referir que os Cadernos começaram a ser publicados em 1988.

1 comentário:

  1. Sem dúvida, um trabalho de muito mérito, os Cadernos Aquilianos.
    Fiquei fã deste blogue.

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