segunda-feira, 6 de outubro de 2014


hoje quando acordei prometi
não pensar na poesia e sequer
por isso um único verso escrever

ao pass(e)ar porém no jardim da avenida
observei um avantajado e corpulento zangão
penetrar repetidas vezes no fundo gineceu

de uma jovem rosa talvez de alexandria
talvez damascena e nele demorar-se
em serena e plena quietude de prazer

um velhinho adiante sentado no banco
babava os olhos por umas bonitas pernas
de uma menina que usava miniminicalções

seguindo esqueci-me da promessa matinal
desculpem não ter cumprido o bom pensamento

fica para outro momento menos sensual

david f. rodrigues
viana, 06-10-2014




Publicado depois, sem título, com a numeração «xlv», em estes cantares fez & som escarnhos d'ora (2015/16). Viana do Castelo: ed./a., p. 70.

2 comentários:

  1. Pois, isto de o velhinho se babar com a pequena que passa já não é novo em literatura!... :)
    Muito antes de uma Lianor que ia descalça para a fonte e que deu mote a vilancete, já havia outras que passavam... E mais tarde outras vieram, tendo uma delas dado em canção, disponível aqui:

    https://www.youtube.com/watch?v=z4_i4l2htXk

    Afinal, o poeta "babou-se" como o velhinho e fez poema matinal e sensual!
    É evidente também que o zangão e a rosa dão muito encanto ao passeio do poeta! ;-)

    um beijinho e continuação de boas e sensuais escritas!
    IA

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    1. Obrigado, Zá, pela sua leitura e opinião crítica, sempre bem-vinda, como sabe. Vou fazer os possíveis por cumprir os votos. Oxalá consiga.
      Um beijinho grato.
      daVid

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