terça-feira, 28 de março de 2017


      Alexandre Herculano faz hoje 207 anos

Alexandre Herculano, 18602: Poesias
Lisboa: Viúva Bertrand & Filhos; p. 31.

Para recordar e/ou ler e/ou ser (mais) informado: 

«[…] Herculano, dotado de uma funda consciência do próprio valor, adopta, logo na primeira juventude, o tom instintivo e natural do profeta inspirado. As composições Semana Sancta e Arrábida, dos 18 ou 19 anos, são já do hierofante que fala de alto, julgando os homens seus semelhantes em nome de uma justiça divina de que se supõe mandatário. Pode dizer-se que nestes dois poemetos se encontram já bem definidos os motivos da sua temática moral: uma ética da liberdade e da solidão, e o juízo sobranceiro da cidade e do vulgo tumultuário […].»
João MENDES, 1979: Literatura Portuguesa III.
Lisboa: Verbo; p. 118.

NB1 - As fotografias (busto e retrato) do Poeta que ilustram este "post" foram colhidas em Google+ / Imagens / Alexandre Herculano.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação da edição consultada. Reprodução digitalizada do poema.

sexta-feira, 24 de março de 2017


     Teófilo Carneiro faz hoje 126 anos

Teófilo Carneiro, 2006: Poesias e Outros Dispersos.
Guimarães: Opera Omnia; pp. 44-45.

Para recordar e/ou ler e/ou ser (mais) informado: 

«Se há temas dominantes, que percorrem e estruturam tematicamente a poesia de Teófilo Carneiro, parecem-nos ser, sobretudo e de um modo intimamente articulado, o lirismo amoroso e a celebração da paisagem limiana, no quadro mais amplo de uma sentimentalidade neo-romântica, perpassada de confissões efusivas e de um bucolismo regionalista.»
J. Cândido MARTINS, 2006: «Teófilo Carneiro: exemplaridade ética e lirismo bucólico de um poeta neo-romântico».
Em Teófilo Carneiro, 2006: Poesias e Outros Dispersos
(Introdução, fixação do texto e notas de J. Cândido Martins). Guimarães: Opera Omnia; pp. 44-45.

NB1 - A fotografia do Poeta que ilustra o cabeçalho foi colhidas em Google+ / Imagens / Teófilo Carneiro.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação da edição consultada. Reprodução digitalizada do poema.

segunda-feira, 20 de março de 2017


     Reinaldo Ferreira faz hoje 95 anos

Reinaldo Ferreira, 19--4: Poemas.
(Pref.: José Régio). Lisboa: Portugália; p. 24.

Para recordar e/ou ler e/ou ser (mais) informado:

        «Mais amiúde, porém, o que se verifica, na poesia de Reinaldo Ferreira, é um constante equilíbrio entre a exuberância das metáforas e a recusa das metáforas –, mas equilíbrio que não representa, de modo algum, uma solução de “meio-termo”, antes uma tensão permanente entre a unidade e a multiplicidade que vê nos outros, que vê nas coisas, que vê em si. Os poemas de amor que escreveu – e não são raros – traduzem também, de vários modos, em diferentes níveis, inúmeras formas desse estado de tensão.»
David MOURÃO-FERREIRA, 1969: «Reinaldo Ferreira»,
Tópicos de Crítica e de História Literária. Lisboa: União Gráfica; p. 276.

NB1 - As fotografias da Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / Reinaldo Ferreira.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

quinta-feira, 16 de março de 2017


     Camilo faz hoje 192 anos


Camilo Castelo Branco, 2008: Poesia.
(Ed.: Ernesto Rodrigues). [Lisboa]: S/Ed.; p. 202.

Para recordar, cf.:
AQUI e AQUI (Blogue «Camilo & Viana – cadeia de relações»).

Bibliografia a (re)ler, sobre o Escritor, enquanto POETA, no sentido (mais) restrito e (mais) alargado do termo:

RODRIGUES, Ernesto, 2008: «Camilo, Poeta», em BRANCO, Camilo Castelo, 2008, Poesia, [Lisboa], S/Ed., pp. 7-45. Estudo, [prefácio à edição («uma antologia») de poemas do Escritor], com análise crítica de estudos, realizados por outros autores, sobre a poesia de Camilo.
SENA, Jorge de, 20012: «Em Louvor de Camilo», em Estudos de Literatura Portuguesa I, Lisboa, Edições 70, pp. 137-139. «Trágico, épico, lírico, satírico - tudo isso foi Camilo. De tudo isso, e de um mágico poder encantatório, se compõe o seu pessoalíssimo estilo.» No romance, no teatro, na poesia, para que se reconheça Camilo como «o grande poeta que é.» [P. 137)

NB1 - As fotografias da Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / Camilo Castelo Branco.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

quarta-feira, 15 de março de 2017

A PROPÓSITO DOS 50 ANOS DE O CANTO E AS ARMAS DE MANUEL ALEGRE


Ontem, ouvi, na Antena 2, e li, no DN, que, para comemorar os 50 anos da publicação de O Canto e as Armas, de Manuel Alegre, chegava às livrarias uma nova edição do livro, com prefácio de Mário Cláudio.
A notícia comenta tratar-se de «livro que marcou uma geração». E de que maneira! - recordo e, a propósito, um pouco contarei, abaixo. Mas, antes, convirá referir, em nome da verdade, que o referido jornal reproduz, lado a lado, as capas do livro, com a seguinte legenda: «A mais recente das reedições e a capa original de O Canto e as Armas».

 Ora acontece que a capa da 1.ª edição (1967, chancela: Nova Realidade) não é a que se mostra. A «capa [dita] original» que ilustra [?] a notícia é da Centelha, Coimbra, cujo símbolo se encontra no canto superior esquerdo do volume, embora não seja indicado o n.º da edição.

Não possuo O Canto e as Armas, tal como saiu em 1967. Possuo, todavia, a 2.ª edição, publicada pela Centelha, em 1970. Eis a capa e contracapa:

Agora, a recordação, entre outras, como adquiri este livro, no dia 29-1-71, por 30$00 (trinta escudos, para quem não saiba ou já se tenha esquecido destes símbolos). Livro que, como outros então adquiridos, guardo, orgulhosamente, como preciosidades.

O Canto e as Armas comprei-o, em Braga, onde era estudante, na Faculdade Filosofia, na Livraria Víctor, situada na Rua dos Capelistas. O proprietário desta livraria era Víctor de Sá [Obrigado, Henrique Barreto Nunes, pelo “post” sobre «O Livreiro Victor de Sá»]. Sabendo ele do meu gosto pela poesia, tendo-me (re)encontrado, naquela data, no seu estabelecimento, disse-me: «Venha aqui ao meu gabinete!» E fui, claro.
(Entretanto, o doutor Vítor tinha aberto outra Livraria Victor no r/c, com galeria no 1.º andar, na Rua Arantes Oliveira - o doutor residia num prédio em frente, do outro lado desta mesma rua. E eu residia na «República» que, perto, ficava na Avenida João XXI.)
O doutor Vítor abriu a gaveta do fundo da secretária e retirou dela um livro, colocando-me, nas mãos, com um largo e franco sorriso, O Canto e as Armas. E acrescentou: «Leia que vai gostar!» Agradeci e, antes de sair da Livraria Victor, paguei, grato, a um (eram dois ou três) dos funcionários.

Ainda tinha, no bolso, uns “patacos” – a bolsa da Gulbenkian também dava para, de vez em quando, me dar a estes “luxos”. E se livro houvesse, para cuja compra a “mesada” já não desse, o doutor Vítor permitia que o adquirisse a “(con)fiado”. Para o efeito, forneceu-me um cartão «Titular de Conta». Este, que ao lado se mostra:

Mais importante, muito mais importante, porém, que esta minha modesta “memória” (gosto destas aliterações em <m>), é (re)ler O Canto e as Armas, do Manuel Alegre. Já! Seja em que edição for.

Obrigado por me aturarem!

domingo, 12 de março de 2017


     Ribeiro Couto faz hoje* 119 anos.

Ribeiro Couto, 1935: «carícia nocturna».
Presença - Revista de Arte e Cultura (vol. II) n.º 45; p. 5.
[Ed. consult.: Presença – Edição fac-similada compacta (Tomo II). Lisboa: Contexto.]

Para recordar e/ou ler e/ou ser (melhor) informado:

«[…] Integrado no Movimento Modernista de 1922, não se afastou de todo, pela temática, do Simbolismo. Suave e terno, preferiu os temas da vida quotidiana […]. Diplomata de carreira, R. C. viveu também em Portugal, deixou-se impregnar da suavidade da paisagem, da simplicidade dos costumes, e reflectiu-os amorosamente nos últimos trabalhos que publicou. Aliás, sua poesia continua no Brasil a tradição do lirismo português de gosto popular. […]»
G[uilhermino] C[ésar], «Couto, Rui Ribeiro»
Em Jacinto do Prado COELHO (dir.), 19783: Dicionário de Literatura. (Vol. 1).
Porto: Figueirinhas; p. 227.
*Também faz anos, hoje, Raul Brandão.

NB1 - As fotografias da Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / Ribeiro Couto.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

     Raul Brandão faz hoje* 150 anos.

Raul Brandão, 19—: Húmus.
Aillaud & Bertrand: Paris / Lisboa; p. 23.

Para recordar e/ou ler e/ou ser (melhor) informado:

«[…] Entrevendo as conclusões da psicanálise, o A. descobre com “espanto” ingénuo (atitude tìpicamente brandoniana) que no homem coexistem um eu social, superficial, o das conveniências – máscara de comediantes – e um eu abissal, o autêntico, o do egoísmo vital – “um poço sem fundo”, zona de obscuridade. O fantástico brandoniano resulta dessa intuição duma super-realidade no seio das coisas vulgares e familiares que o A. descreveu com um realismo caricatural na Farsa e no Húmus, a sua obra-prima, em que nos faz assistir ao Génesis desse mundo turbilhonário das realidades ocultas, exemplificadas por “velhos hábitos, misérias crónicas, gritos, exaspero” recalcados, um conjunto a que a imaginação genial do A. dá forma sobrerrealista duma catedral, “a catedral do fel e vinagre”. […]»
T[úlio] R[amires] F[erro], «Brandão, Raul Germano»
Em Jacinto do Prado COELHO (dir.), 19783: Dicionário de Literatura. (Vol. 1).
Porto: Figueirinhas; p. 122.

*Também faz anos, hoje, Ribeiro Couto.

NB1 - As fotografias da Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / Raul Brandão.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

sábado, 11 de março de 2017

  
     Sebastião Alba* faz hoje 77 anos.


Sebastião Alba*, 1981: «[O rio sumiu-se]».
A Noite Dividida. Lisboa: Edições 70; p. 21.

* Pseudónimo de Dinis Albano Carneiro Gonçalves

Para recordar e/ou ler e/ou ser (melhor) informado:

«[…] Em alguns momentos, Alba poderá não ser um mago da palavra, mas tem sempre um inequívoco domínio da língua, um sábio articular de ritmo com os sentidos plurívocos. A palavra inesperada, quase intempestiva, surge numa sintagmática que a não rejeita: as suspensões, as supressões, a sincronizada marcação métrico-rítmica impõem-nos uma musicalidade, suave ou abrupta, uma significação, literalizada ou conotativa, sempre insistentemente atractivas. […]»
Pires LARANJEIRA, 1984: «Sebastião Alba / A Noite Dividida»
Colóquio/Letras, n.º 79 (Recensão crítica). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; p. 108.

NB1 - As fotografias da Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / Sebastião Alba.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

sexta-feira, 10 de março de 2017

III. Dispersos


III.1. Poema (LXXII)

                       Todos os dias são da poesia e sua partilha, como pão nosso de cada dia



Publicado em EUFEME - magazine de poesia, n.º 1 (outubro/dezembro 2016), p. 28, a convite do poeta Sérgio Ninguém, editor e coordenador da publicação. Nota biobibliográfica do autor (p. 25) precede a sua (i. e., minha) colaboração.


NB1 -  A primeira publicação de «ponto final» foi AQUI.
NB2 - Todos os direitos reservados.

quarta-feira, 8 de março de 2017


   Ruy Cinatti faz hoje 102 anos.

Ruy Cinatti, 1940: «Metamorfose».
Cadernos de Poesia, n.º 6 (2.ª Série). Lisboa; p. 21.
[Edição consultada: Luís Adriano Carlos & Joana Matos Frias (dir), 2004: Cadernos de Poesia.
(Reprodução fac-similada). Porto: Campo das Letras.]

Para recordar e/ou ler e/ou ser (melhor) informado:

«[…] é difícil encontrar na poesia portuguesa um poeta como Ruy Cinatti, ao mesmo tempo tão introspectivo e tão inteiramente atento ao exterior: uma consciência infeliz transformada em consciência poética vigilante, um poeta “singularmente repartido entre o céu e a terra”, na síntese precisa de Luís Amaro, que soube criar uma obra de dimensão ética e estética, activa e contemplativa, social e pura, realista, neo-realista e surrealista, sem qualquer prejuízo da sua coerência interna. […]»
Joana Matos FRIAS, 2016: «Eu Sou Poeta e Sei o que Digo».
Em Ruy Cinatti, 2016: Obra Poética I. [Lisboa]: Assírio & Alvim; p. 29.

* Também fazem anos, hoje, «João de Deus» e «José Blancde Portugal».

NB1 - As fotografias da Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / Ruy Cinatti.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.


   José Blanc de Portugal faz hoje* 103 anos.


José Blanc de Portugal, 1940: "Romance do Rio Grande".
Cadernos de Poesia, n.º 1. Lisboa; p. 9.
[Edição consultada: Luís Adriano Carlos & Joana Matos Frias (dir.), 2004: Cadernos de Poesia.
(Reprodução fac-similada). Porto: Campo das Letras.]

Para recordar e/ou ler e/ou ser (melhor) informado:

«[…] o terceiro organizador dos Cadernos de Poesia, José Blanc de Portugal […], só em 1960 reune em volume os seus versos. […] O autor de Romance do Rio Grande, poesia que figura no primeiro número da publicação que organizou [com Tomaz Kim e Ruy Cinatti], tem, contudo, de ser considerado entre nós um dos primeiros cultores de um género de poesia que anos depois se tornará uma das tendências dominantes do lirismo nacional: o neobarroquismo. É, realmente, um poeta barroco, integrando no barroquismo muitos dos apports da poesia do primeiro e do segundo modernismo, e antecipando-se, de algum modo, aos próprios surrealistas. […]»
João Gaspar SIMÕES, 1976: Perspectiva Histórica da Poesia Portuguesa (Séc. XX).
Porto: Brasília; pp. 388-389.

* Também fazem anos, hoje, «João de Deus» e «Ruy Cinatti».

NB1 - As fotografias da Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / José Blanc de Portugal.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

   João de Deus faz hoje* 187 anos.

João de Deus, 197410: Campo de Flores (Tomo II).
Amadora: Bertrand; p. 135.

Para recordar e/ou ler e/ou ser (melhor) informado:

«[…] Surgido para a poesia numa época muito pouco afortunada, em que o ultra-romantismo começava a desagregar-se – e, sobretudo, a desacreditar-se -, João de Deus logo a breve trecho se impôs como lírico excepcional, pela atitude do sentimento, pela casta singeleza da inspiração e pela graciosa naturalidade da linguagem. [...]»
David MOURÃO-FERREIRA, 1969: "A propósito de João de Deus".
Tópicos de Critica e de História Literária. Lisboa: União Gráfica; pp. 76-77.

* Também fazem anos, hoje, «RuyCinatti» e «José Blanc de Portugal».

NB1 - As fotografias da Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / João de Deus.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

terça-feira, 7 de março de 2017


   António Patrício faz hoje 139 anos.

António Patrício, 1911: «Saudade do teu corpo».
A Águia, n.º 10 (1.ª Série - Porto, Junho), p. 12.
[Director, proprietário e editor: Álvaro Pinto]

Para recordar e/ou ler e/ou ser (melhor) informado:

«[…] A busca do inusitado, do inédito, com o seu séquito de palavras sugestionantes, metáforas e repetições musicais próprias da estilística simbolista, sobrepõe-se às acumulações, às séries ternárias, substantivas ou adjectivais, da intensa, exasperada sensibilidade (ainda na linha romântica) de A. P.; e é sobretudo o seu amoralismo espiritualista – ou a sua ânsia de uma espiritualidade supra-humana, sucedâneo de uma religião já só viva como estímulo artístico – que melhor define o autor, cativo e amoroso de névoas, espectros, sombras outonais, indecisões crepusculares ou reflexos do mundo do encantamento, da magia, de um Além sem Deus. […]»
U[rbano] T[avares] R[ODRIGUES], 19783: «Patrício, António».
Em Jacinto do Prado COELHO (dir.), 19783Dicionário de Literatura. (Vol. 3).
Porto: Figueirinhas; pp. 802-803.

NB1 - As fotografias da Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / António Patrício.
NB2 - Respeitadas grafia e pontuação das edições consultadas.

segunda-feira, 6 de março de 2017

III. Dispersos


III.1. Poema (LXXI)

             Todos os dias são da poesia e sua partilha, como pão nosso de cada dia



Publicado em EUFEME - magazine de poesia, n.º 1 (outubro/dezembro 2016), p. 27, a convite do poeta Sérgio Ninguém, editor e coordenador da publicação. Nota biobibliográfica do autor (p. 25) precede a sua (i.e., minha) colaboração.


NB1 -  A primeira publicação de «discurso a refeição», sem título, foi AQUI.
NB2 - Todos os direitos reservados.

domingo, 5 de março de 2017

III. Dispersos


III.1. Poema (LXX)

             Todos os dias são da poesia e sua partilha, como pão nosso de cada dia



Publicado em EUFEME - magazine de poesia, n.º 1 (outubro/dezembro 2016), p. 26, a convite do poeta Sérgio Ninguém, editor e coordenador da publicação. Nota biobibliográfica do autor (p. 25) precede «Solitude».



sábado, 4 de março de 2017


   Eugénio de Castro faz hoje 148 anos.

CARTA


Se quero? Quero, sim, e vem depressa!
Esta casa estará cheia de flores!
Cá te espero amanhã! Não te demores!
Vem cedinho, vem logo que amanheça!

Não te via há dez anos! Recomeça
O meu céu negro a encher-se de esplendores!
O pior é que o tempo e os dissabores
Já semearam cãs nesta cabeça…

Vais estranhar-me, creio… Tu decerto
És hoje o que eras, conservando ainda
As mesmas tranças fartas e castanhas…

Tremo, de ti julgando-me já perto…
Como tu eras, há dez anos, linda!
Não mudaste, pois não?... Olha… não venhas!

Eugénio de Castro, 1938: Últimos Versos.
[Ed. consultada: Eugénio de Castro, 1987: Antologia  (Introdução, selecção e bibliografia
de Albano Martins). Lisboa: IN-CM; p. 279.]

Para recordar e/ou ler e/ou ser (mais) informado:

«[…] Artista superior, porventura o mais requintado de toda a poesia portuguesa, é esse um título que não pode, em boa verdade, recusar-se a Eugénio de Castro. E se não se detectam, na sua poesia, os dramas pungentes – individuais ou colectivos -, as angústias metafísicas, as preocupações sociais e as nevroses que alimentam a obra de alguns poetas seus contemporâneos e outros de gerações posteriores, não significa isso que não seja ele capaz de perante a vida e o mundo se emocionar. […]»
Albano MARTINS, 1987: «Introdução».
Em Eugénio de Castro, 1987: 10.

NB1 - As fotografias do Poeta foram colhidas em Google+ / Imagens / Eugénio de Castro.
NB2 - Respeitadas grafia a pontuação da edição consultada.