quinta-feira, 26 de janeiro de 2017


                                             Afonso Lopes Vieira faz hoje 139 anos.



            LINDA INÊS [*]


Choram ainda a tua morte escura
Aquelas que chorando a memoraram;
As lágrimas choradas não secaram
Nos saüdosos campos da ternura.

Santa entre as santas pela má ventura,
Rainha, mais que todas que reinaram;
Amada, os teus amores não passaram
E és sempre bela e viva e loira e pura.

Ó Linda, sonha aí, posta em sossêgo
No teu muymento de alva pedra fina,
Como outrora na Fonte do Mondego.

Dorme, sombra de graça e de saudade,
Colo de Garça, amor, moça menina,
Bem-amada por toda a Eternidade!



                                                                           Afonso Lopes Vieira, 1918: [«*»]. Em Cancioneiro de Coimbra.
Coimbra: França Amado; pp. 123-124.


«Não anda actualmente muito lembrado o nome de Afonso Lopes Vieira. A sua poesia, no entanto, é das mais significativas de entre as obras poéticas imediatamente anteriores ao modernismo [...]. / Como poeta, [...] estreou-se, em 1897, com o livro Para Quê? , bastante típico do estado de espírito finissecular, nas suas decadentes manifestações de derrotismo, mas muito longe de corresponder, por isso mesmo, aos aspectos positivos que ulteriormente se afirmariam na sua obra. A este respeito, o segundo livro - Náufrago -, publicado no ano seguinte, já será incomparàvelmente mais representativo. [...] A este livro seguir-se-iam depois, desde 1899 a 1940, mais de uma vintena de volumes de versos; mas aqueles que mais contariam para a plena afirmação da sua voz seriam, decerto, IIhas de Bruma (1917), País Lilás, Desterro Azul (1922) e Onde a Terra se Acaba e o Mar Começa (1940). [...]»

                                                                       David MOURÃO-FERREIRA, 1969: Tópicos de Crítica e de História Literária.
Lisboa: União Gráfica; pp. 244-245.


Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / Afonso Lopes Vieira.

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