sábado, 28 de janeiro de 2017


                                   António Feliciano de Castilho faz hoje 217 anos.


     [Soneto]


Se é lícita uma lágrima nas rosas
Com que, ó noite de abril, nos rís c’roada,
İ Dos martyres da patria libertada
Uma lagrima ás sombras generosas!

Seos sepulchros dão palmas gloriosas,
Heróes herdaram sua nobre espada,
E hecatomba de tigres lhe-é votada
De dia a dia ás cinzas sequiosas.

Mas no elysio onde estão, hoje pensando
Que um dia mais que céo por Lysia passa,
Saudoso se-reúne o egregio bando.

Murmuram longo viva á jovem Graça,
                                              E involuntária lágrima escapando
                                              Do nectar entre as mãos lhe-turva a taça.

Antonio Feliciano de Castilho, 1844: Excavações Poeticas.
Lisboa: Typographia Lusitana; p. 148.
[Mais]

«[…] Castilho foi muito admirado e muito adulado, em detrimento de outros mais criadores. A sua forma, em que, no entanto, o vivo era quase sempre substituído pelo escrito, foi tida por modelar. Mas, se foi grande a sua influência de purista, se o seu labor de artista foi, até certo ponto, disciplinador, se ele continua um mestre para todo o escritor que pretende o que todos os escritores deveriam pretender: saber escrever a língua própria, − a sua passagem pela nossa poesia moderna não deixou, em verdade, nenhum sulco fundo.»

José RÉGIO, 19764: Pequena História da Moderna Poesia Portuguesa.
Porto: Porto Editora; p. 20.

Obs. 1 - Respeitadas as grafias das edições consultadas.
Obs. 2 - Os retratos do Poeta, reproduzidos neste "post", foram colhidos em Google / Imagens / António Feliciano de Castilho.

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