IV. Frutos da Terra e do Homem
Estudos sobre Aquilino Ribeiro em revista
Cadernos Aquilinianos, n.º 22 (2014)
Cadernos Aquilinianos é uma revista que se publica, em Viseu, desde
Maio de 1992*, data do seu primeiro número. Completamente dedicada à vida e
obra do grande Escritor, inicialmente, a sua edição e propriedade pertenciam à
Fundação Aquilino Ribeiro, com sede em Soutosa. Com a criação do Centro de Estudos Aquilino Ribeiro
(CEAR), na Universidade Católica de Viseu, a sua edição, redação e
administração passou para a responsabilidade deste Centro. Após um curto
período de interrupção (2009-2012), a revista volta a ser editada em 2013. O
seu n.º mais recente (22) corresponde ao 1.º semestre do ano em curso (2014) e
acaba de ser lançado a público. O seu diretor é Jerónimo Costa, cargo que ocupa
desde o n.º 20, saído em 2003, e que dá início a nova série (3.ª) desta
importante publicação. Até aquele n.º 19, foi seu diretor Henrique Almeida.
Com periodicidade semestral prevista
(cumprindo-se, alguns anos, por vezes, em n.º duplo), as dimensões e formato,
bem como a estrutura temática mantiveram-se praticamente inalterados. Apenas as
ilustrações e arranjos gráficos das capas sofreram alterações, por três vezes.
Nas páginas domina o texto, mas encontramos também artigos ilustrados com
fotografias do Escritor, da sua obra e de lugares por onde andou e viveu.
Não cabe aqui uma análise
pormenorizada e desenvolvida do n.º 22 nem de cada um dos seus principais
trabalhos, por tempo não ter havido para a sua leitura crítica, dado tratar-se,
além do mais, de um volume com 220 páginas. Ficar-me-ei, por isso, desta vez,
apenas pela apresentação dos seus principais conteúdos temáticos.
Duas são, habitualmente, as secções
principais em cada n.º de Cadernos
Aquilianos: «Leituras» e «Memórias», variando, dentro de cada, os
respetivos subtítulos, de acordo com os conteúdos nelas inseridos. Assim, neste
n.º 22, a secção «Leituras» é constituída por «ensaios» e «testemunhos».
Encontramos, aqui, artigos de António Manuel Ferreira [«Variações Bíblicas: a
novela As Três Mulheres de Sansão de
Aquilino Ribeiro» (pp. 15-46)], de Peter Henemberg [«Alemanha vista por
Aquilino», pp. 47-54], de Manuel Lima de Bastos [«Aquilino Ribeiro, Manuel da
Fonseca e a Alcateia dos Lobos Uivantes» (pp. 55-70)]. Cabe referir que este
estudo é, segundo refere o seu diretor, no editorial «Tempo e Memória», um
capítulo em pré-publicação de um dos próximos livros de Bastos (p. 6).
Continuando, segue-se estudo de Martim de Gouveia e Sousa [«Ensaio sobre a
influência e a ascensão em Andam faunos
pelos bosques & não só: Aquilino Ribeiro e Francisco de Moura Seco» (pp.
71-81)]. Esta secção termina com o artigo de Agostinho Ribeiro, intitulado
«Aquilino Ribeiro e o Museu Grão Vasco» (pp. 83-88).
A secção «Memórias» inclui os
subtítulos «Evocações» e «Efemérides». Abre com o «As Três Fidelidades de
Aquilino», de António Valdemar (pp. 92-94), discurso do «elogio fúnebre» que o
autor proferiu, aquando das cerimónias da trasladação dos restos mortais de
Aquilino para o Panteão Nacional, ocorrida em 19 de setembro de 2007. Segue-se
novo trabalho de Martim de Gouveia Sousa [«O superlativo em Aquilino Ribeiro» (pp.
95-100)]. Isabel Monteiro, em «Palavras Iniciais» (pp. 102-103), «celebra os
amigos» de Camilo e «os momentos inolvidáveis» que familiares diretos (avô e
pai) da autora e outros amigos do Escritor, como José Lopes de Oliveira e
Manuel Mendes) passaram juntos, nomeadamente, nas lutas políticas que foram
travando contra as ditaduras de João Franco e de Salazar. Esta secção termina
com a reprodução fac-similada da «palestra» que Manuel Mendes proferiu no
Rotary Club de Braga, em 14 de setembro de 1965, intitulada A Intervenção de Aquilino no Quadro da Cultura Nacional, publicada no
respetivo Boletim e depois em
separata (pp. 126-133).
Além destas secções principais,
o 22.º n.º de Cadernos Aquilinianos
traz uma secção de recensão crítica a dois livros, cujo autor trata de
tema(s) relacionado(s) com Aquilino, ambos escritos por Manuel de Lima Bastos:
«Em Roda de O Albergue das Letras»,
por Miguel Veiga» (pp. 139-144) e «Sobre o Regresso
a Romarigães na Sombra de Mestre Aquilino», por Celestino Portela (pp.
149-158).
As páginas restantes são
dedicadas a notícias sobre «a vida interna» do CEAR (pp. 7-12) e, sob a
designação geral de «Aquilinianas», relatos ou reproduções fac-similadas de «serões,
notícias e publicações» sobre a vida e a obra do Escritor.
Aquilino Ribeiro bem merece uma
revista como esta, pela quantidade e qualidade da obra que produziu, mas também
pela variedade de géneros a que se dedicou. A propósito, observa com
pertinência e em síntese Jerónimo Costa, atual diretor de Cadernos Aqulinianos:
«Nesta altura estarão cumpridos
cento e vinte e nove anos sobre o nascimento do mestre escritor que, no
intervalo dos seus combates pela liberdade, amealhou o tempo necessário para
nos legar meia grosa de livros de géneros literários tão diversos como o conto
e o romance, a biografia, o ensaio histórico, crítico e político, a erudição e
a polémica, a literatura infantil e o teatro. Inúmeras traduções, algumas
esquecendo o progenitor e consideráveis colaborações nos jornais e revistas da
época são ainda o nosso pecúlio que procuraremos, como progénitos, não dissipar
pelas brumas do esquecimento.» (p. 5)
Cardernos Aquilinianos é publicação, até pelo muito pouco que se
disse, que interessará não só a aquilianistas mas a todos quantos se
interessam, pessoal ou institucionalmente, pela literatura e cultura
portuguesas. Daí que esta publicação deva estar presente e disponível em todas
as bibliotecas municipais e em todas as escolas públicas deste país.
Sem dúvida, um trabalho de muito mérito, os Cadernos Aquilianos.
ResponderEliminarFiquei fã deste blogue.