Por mais polémica que seja a vários níveis, não podemos deixar de admirar esta poetisa (ou poeta, denominação que defendia uma outra grande senhora, Natália Correia) que sempre defendeu a mulher, como cidadã, como ser autónomo (insurgindo-se contra a tão banalizada "costela de Adão"), sem nunca negligenciar o feminino e o seu tão-seu-erotismo (passe o neologismo e passe o pleonasmo)! Dela, se me permite, David, deixo aqui um outro poema, de que gosto particularmente.
"os outros
Despimo-nos dos outros secamente e devagar ficamos enlaçados
Enquanto a noite voa no seu vento procuramos a paz fora de tempo e a ternura a meio da madrugada
Quem foi que nos deixou uma certeza?
Quem foi que nos disse encantamento?
Quem foi que nos leu a nossa vida?
Quem foi que acendeu o pensamento?
Que viagem difícil de regresso
Que objecto difícil de repor
Que adiado veneno não tomado
Que estranha tempestade sem fragor
Despidos meu amor dos outros tarde mas sedentos de esperança sempre cedo
Acusados Suspeitos Devassados
A fazermos amor do nosso medo"
MARIA TERESA HORTA, 1983: Poesia Completa.2 Litexa, pp 90-91
e assim me despeço com consideração e estima e o habitual beijinho ;-) IA
Amiga Isaura, procuro (mas nem sempre consigo) desligar o artista (no caso a poeta) do resto. Sempre vi e li a MTH como poeta e (quase) só como poeta. Tal como leio Agustina (para referir outra e só mais outra escritora) como romancista e (quase) só como romancista. Sobretudo. E podia falar de muitas/os outras/os. O primeiro compromisso de um escritor - penso - é de natureza estética e literária, com a(s) arte(s) a que se dedica. E sendo-o, com verdade e coerência, está também lutar pela(s) cusa(s) - humana(s), sócio-política(s), cultural(ais), etc. - em que acredita. E assim também a(s) defende e promove. Desculpe o «devaneio». Por onde me meti!... Beijinhos. daVid PS - Cá vou recuperando.
Por mais polémica que seja a vários níveis, não podemos deixar de admirar esta poetisa (ou poeta, denominação que defendia uma outra grande senhora, Natália Correia) que sempre defendeu a mulher, como cidadã, como ser autónomo (insurgindo-se contra a tão banalizada "costela de Adão"), sem nunca negligenciar o feminino e o seu tão-seu-erotismo (passe o neologismo e passe o pleonasmo)!
ResponderEliminarDela, se me permite, David, deixo aqui um outro poema, de que gosto particularmente.
"os outros
Despimo-nos dos outros
secamente
e devagar ficamos
enlaçados
Enquanto a noite
voa
no seu vento
procuramos a paz fora de tempo
e a ternura a meio da madrugada
Quem foi que nos
deixou
uma certeza?
Quem foi que nos
disse
encantamento?
Quem foi que nos
leu
a nossa vida?
Quem foi que
acendeu
o pensamento?
Que viagem difícil
de regresso
Que objecto difícil
de repor
Que adiado veneno
não tomado
Que estranha tempestade
sem fragor
Despidos meu amor
dos outros
tarde
mas sedentos de esperança
sempre cedo
Acusados
Suspeitos
Devassados
A fazermos amor
do nosso medo"
MARIA TERESA HORTA, 1983: Poesia Completa.2 Litexa, pp 90-91
e assim me despeço com consideração e estima e o habitual
beijinho
;-)
IA
PS: Estimo também rápidas melhoras!
Amiga Isaura, procuro (mas nem sempre consigo) desligar o artista (no caso a poeta) do resto. Sempre vi e li a MTH como poeta e (quase) só como poeta. Tal como leio Agustina (para referir outra e só mais outra escritora) como romancista e (quase) só como romancista. Sobretudo. E podia falar de muitas/os outras/os. O primeiro compromisso de um escritor - penso - é de natureza estética e literária, com a(s) arte(s) a que se dedica. E sendo-o, com verdade e coerência, está também lutar pela(s) cusa(s) - humana(s), sócio-política(s), cultural(ais), etc. - em que acredita. E assim também a(s) defende e promove.
ResponderEliminarDesculpe o «devaneio». Por onde me meti!...
Beijinhos.
daVid
PS - Cá vou recuperando.